A melhor forma de vos animar nesta segunda-feira esquizofrénica
de chuva e sol é contar-vos um bocadinho as minhas aventuras na Cidade dos Anjos, mas que de "angélica" não teve nada... Partimos de Washington às quatro da tarde e chegámos a
L.A. (para mim tierra de Los 'Anormalos') às oito da noite. Como sabíamos que estávamos estupidamente longe de tudo, não fosse esta cidade
um enorme mar de terra, onde tudo fica longe e para qualquer deslocação é
necessário um carro, decidimos desde logo que alugaríamos um no dia seguinte. Mas hoje a viagem até ao hotel em Downtown seria feita de metro.
O namorado lá foi perguntar as indicações para o
metro mais próximo e depois de ter voltado meio desconfiado (sobre o que tinha ouvido) lá
seguimos no autocarro do aeroporto de LAX até à estação. Pouco tempo
depois somos surpreendidos pela aparência do "metro", igual ao nosso comboio, uma
vez que 80% da viagem é feita à superfície. Posto isto, toca de comprar
bilhetes, perguntar qual a direcção e entrar no primeiro que parou à nossa
frente. (Importa referir que por esta altura já é noite cerrada e ainda
estávamos a anos luz do nosso hotel...) Ora, assim que as portas se fecharam
deparámo-nos com uma vizinhança do mais assustador que alguma vez vi na vida, e
não estou a exagerar, já vi muita coisa, mas nada que se parecesse com aquilo!
Neste cenário de terror optei pela postura simpática e submissa. Nunca, em
tempo algum, ousei estabelecer contacto visual, e o chão da carruagem tornou-se
um óptimo ponto de fuga. Entre mexicanos, blacks e brancos niggas
senti-me uma completa extraterrestre por não ter um único desenho de agulhas no corpo - tattoos!
Os corpos daquela gente são autênticos graffitis ambulantes! Anyway... Até aqui ainda estava tudo a correr pelo melhor. O problema foi quando
tivemos que mudar de linha. Aí sim, começou a nossa verdadeira
aventura hollywoodesca! Voltámos a sair do metro/comboio no meio do nada,
escuridão total, alguns candeeiros partidos, só armazéns velhos e abandonados
nas redondezas. Para chegar à outra linha tínhamos que passar por debaixo da
linha de metro. Enquanto atravessávamos a rua um carro da polícia pára ao nosso
lado, o que nos deu uma breve sensação de segurança e conforto, mas muito breve, diga-se. O meu homem que já tinha cheirado o perigo a léguas - natural para
uma criança criada na linha de Sintra - pergunta-lhes se estamos a seguir o
caminho certo para Downtown, onde os agentes da autoridades respondem
afirmativamente. O homem prossegue e lá se ouve: Mantenham os vossos pertences
junto a vocês e boa sorte. E eu repito: MANTENHAM OS VOSSOS PERTENCES JUNTO A
VOCÊS (mais junto?? Parecíamos autênticos burros de carga, ninguém sentou-se,
ninguém tirou mochilas das costas, ninguém largou por um segundo que fosse a sua trole! E ainda nos desejaram "BOA SORTE"!?! Posto isto, apanhar um táxi tornou-se fulcral
naquele momento! Mas ali, perdidos no meio de nenhuns nunca iríamos consegui-lo. Voltámos a entrar no metro. Como se já não
bastasse os companheiros de viagem airosos que tínhamos ao nosso lado, na
paragem seguinte entra um gang de se borrar a cueca só de olhar. E foi
aí que vi o S completamente desorientado, a olhar para a rua, estudando
possibilidades de fuga, etc. Mas qual quê?! Estávamos completamente no meio do
NADA! ZERO! ESCURIDÃO TOTAL! SÓ ARMAZÉNS À BEIRA DA ESTRADA COM MAU ASPECTO E
TÁXIS nem vê-los! Okay, respira! Conta até 10! Ninguém vai morrer hoje,
quanto muito somos assaltados, e lá se vai o dinheiro, os passaportes, o
computador e todos os recuerdos adquiridos até agora! Mas SÓ isso! Por isso, continuei a respirar. Basicamente continuámos a estudar todas
as situações, e assim que o metro passou a ser subterrâneo sentimos que já tínhamos
entrado numa parte mais agitada da cidade e como tal, decidimos sair para
apanhar um táxi - pelo menos agora já estaríamos muito mais perto do hotel! E
assim foi. Pusemos um pé na rua e a única visão foi: arranha-céus, mendigos, pouca
iluminação na rua, mais mendigos, poucos táxis, lojas e restaurantes
fechados e mendigos everywhere. Entrámos no primeiro táxi que se atravessou à nossa
frente. O homem parecia sinistro, mas depois de tudo o que já tinha visto até
ali, o gajo era o mais parecido com uma recordação pouco nítida de um taxista
do Martim Moniz (camisa brilhante, desabotoada e penteado à Elvis)... Sentámo-nos. Dissemos em coro o nome do hotel e o homem
começou com uma cantiga de fugir! "Que tínhamos escolhido a parte mais
perigosa da cidade para pernoitar." "Para nunca nos dirigirmos para as traseiras
do hotel, porque já tinha sido encontrada uma mulher no tanque do hotel do
lado, blá, blá, blá..." e eu já quase a vomitar volto a engolir em seco. Pouco tempo depois, o taxista entra por um beco, de sentido único, cada vez mais apertado,
cada vez mais escuro e ao fundo um monte de caixotes do lixo gigantes... Pensei que seria agora que me iriam tirar
os rins, os pulmões e o fígado! E aperto com toda a minha força a mão do
S. Senti-o arfar até ver alguma expressão de alívio na sua cara - parece
que o gajo se tinha enganado na rua do hotel e fez um corta-mato por um sítio
medonho. E pronto, lá parou à porta do hotel. Acreditem, adormeci vestida e apática. Felizmente de dia
Downtown até é um sítio giro! Aqui podem ser vistos os maiores arranha-céus
de Los Angeles, aqueles que aparecem em todos os filmes e séries! Mais à noite
parece uma cidade fantasma! Moral da história: de manhã, logo pela fresquinha,
fomos alugar um carro! Só para não haver mais histórias destas para contar.
Downtown à noite, e de carro, é linda! É uma pequena New York.
Agora sim, estávamos prontos para nos aventurar-nos pela West Coast.
Primeira paragem: Malibu! Estivemos numa reserva
natural junto ao oceano pacífico - maravilhoso! Enquanto passeávamos
junto à marginal começaram a aparecer as casas completamente em cima da praia e
claro no regresso tive que tirar a uma foto com o nadador salvador... Como se
pode ver nas fotografias o calor nunca foi rei nem senhor por aqui. Recordo que fomos em Setembro. Para quem vai para a costa este à procura das águas calientes do pacífico
desengane-se! É igualzinho à Costa da Caparica - como dizia o homem!
Terceiro dia em L.A. e depáramo-nos com os
estúdios do Walt Disney! Juro que não foi propositado. Aconteceu! Claro que fiquei histérica! Queria entrar! Queria ver os
estúdios, os bares e até as casas de banho! Queria ver TUDO! Mas lá para
aqueles lados só entram mesmo as Hannah Monatanas e Selena Gomez. Estúpidos! Com
esta paragem ganhei o lugar do condutor!! Yeah!!! Conduzi nos States! Qualquer mulher que se preze não poderia regressar de LA sem ter pisado RODEO DR... Coladinho a Beverly Hills! Depois das "compras" e das casas de Beverly
Hills, o que é que uma mulher precisa?!? Praia, claro! O trânsito é infernal, mas lá chegámos a NEWPORT BEACH!!! Para os mais distraídos: Orange
County!! Já percebi porque é que os gajos aqui são maioritariamente ricos -
pela quantidade infindável de petrolíferas, tanto em terra como no mar. Foi sem
dúvida uma tarde dedicada a conversas sobre geologia, política e
economia.Posto isto, voltámos à loucura das auto-estradas! Nem
com sete ou oito faixas o trânsito fluía…O penúltimo dia em L.A. foi dedicado a um parque
temático! Diverti-me imenso e, claro, borrei a cuequinha mais umas trezentas mil
milhões de vezes na casa do terror.
A noite foi passada a fazer as malas, afinal do dia seguinte vamos para VEGAS baby!!!
Depois regressámos por
Santa Mónica mas só parámos em Manhattan Beach! A névoa não ajudou na nitidez das fotos... Ao longe
as casas parecem favelas que se foram amontoando até chegarem junto à praia (pois... o mais provável é não dar para ver nada, mas
confiem em mim!) As casas ao perto até eram charmosas e grandes, mas ao longe parece
autênticas barraquinhas.
Posto isto, lá insisti com o homem para ir ao Pier de
Santa Mónica... volta tuuuudo para trás! Aqui é onde termina (ou começa) a Road 66, depende da perspectiva!
E pronto, a partir daqui foi correr, tipo jogos sem
fronteiras, para ainda conseguirmos apanhar luz suficiente para tirarmos 'A'
foto no Hollywood Sign - que é só na outra ponta da cidade! Ainda assim, missão
cumprida!!
A viagem de regresso fez-se numa amena cavaqueira, até
começar a pensar, alto! "Mas espera lá! Isto é o Kodac Theather! Aquilo ali
é o museu do cinema chinês! Eu ia jurar que isto era no passeio da
fama!!!" OH MEU DEUS NÓS ESTAMOS NO PASSEIO DA FAMA!! PÁRA O CARRO!!! E
pronto, estacionámos o carro, jantámos numa cadeia de fastfood que dispensa
apresentações, visitámos a loja da Disney, tirámos fotografias a algumas
estrelas que estão no passeio, espreitámos o Hard Rock Cafe,
e eis que me aparece um homem gigante com uma enorme piton à volta dos ombros.
Escusado será dizer que não consegui pronunciar uma única palavra e me pus a
correr feita parva! Moral da história: segunda noite em L.A. estragada! A
partir deste momento andei na rua com a sensação que a bicha viscosa ia aparecer à
minha frente a qualquer momento. 'Já podemos ir embora?' É tarde, tenho sono e chegam de aventuras
por hoje!
Joana,
ResponderEliminarOs teus posts sobre viagens dão sempre vontade de sair a correr para o aeroporto e apanhar o próximo avião ;)
Beijinhos grande
Lol eu sinto o mesmo, menos nesta viagem! heheh
EliminarEsta viagem já foi há uns anos, não foi?
ResponderEliminarHá três anos.
EliminarDevem ter sido uma experiência fantástica.
ResponderEliminarFoi mesmo! Nunca tinha estado tão longe de casa... :)
EliminarBem, que aventura! :o
ResponderEliminarMas ainda bem que tudo correu bem!
A Califórnia deve ser um lugar lindo. Existem mesmo coisas de sonho!
Beijinhos :*
Opah foi, sem dúvida, uma Senhora Aventura hahah :D
EliminarDa Califórnia só conheço mesmo Los Angels... Um dia regresso ao Estado da Califórnia para conhecer São Francisco, Silicon Valley e Napa. Acredito que sejam cidades muito mais bonitas que LA. Para ser sincera, não fiquei fã da Cidade dos Anjos. Ia com as expectativas super altas por causa dos filmes e das músicas e depois, infelizmente, nunca encontrei a cidade que imaginava... A pobreza é fantasmagórica. Cascais e o Guincho são mil vezes mais bonitos que Malibu. Tudo é velho e está ao abandono. Ou seja, LA não é o que parece...
Belos dias em LA. E ficas com mais uma história para contar (sobre os pontos mais desagadáveis) Adoro ler os teus posts de aventuras e desventuras. Eu já fiz um mês de carro pelos parques nacionais dou southwest (Nevada, Arizona e Utah) e é uma experiência que recomendo. Não tens o glamour das grandes cidades, como é lógico, mas as paisagens são surreais. Beijinhos, tudo de bom e continua a escrever!
ResponderEliminarUau António! Deves ter visto paisagens lindíssimas, completamente de cortar a respiração! Confesso que prefiro cidades, e cidades com praia então nem se fala... Todavia sei reconhecer a beleza da natureza em estado puro. As cores e as silhuetas das árvores e das montanhas dão 15-0 aos arranha céus que começamos a ficar cansados de ver...
EliminarLos Angeles para mim foi uma desilusão. Gostei da vista do Griffith Observatory e de Santa Monica e Venice (foi aí que ficamos a dormir). Aquela parte de Rodeo Dr. nos filmes dá ideia que é uma rua enorme e afinal é só aquilo. A parte do passeio da fama e do kodak theatre foi aquilo que mais deixou mais: o quê? é isto.
ResponderEliminarTambém gostei dos Universal Studios :-)
http://6800milhas.blogspot.com/