sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Gorduras Saturadas vs. Gorduras Trans

Cara ragazza!!

A pensar no fim-de-semana que se aproxima, resolvi compilar a informação sobre Gorduras Saturadas vs. Gorduras Trans, partilhadas pela nutricionista Lara Nesteruk no seu instagram. Mas como a regra do blog é descomplicar, desafio-vos a analisarem os dois tipos de gorduras através da observação das seguintes imagens:


Gorduras Saturadas



Gorduras Trans


Concordam comigo que a primeira grande conclusão que retiraram da observação é que as gorduras trans são muito mais prejudiciais para a saúde que as saturadas, verdade?! Pois bem, este post servirá para desmistificar o papel de vilã que a "gordura" adoptou nas dietas da moda

A meta-análise de estudos observacionais de 2015 pretendeu estabelecer uma relação entre consumo de gorduras Saturadas, gorduras Trans e o risco de mortalidade, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Conclusões do estudo:
  1. Forte associação positiva entre gordura Trans e doença cardiovascular e mortalidade;
  2. NENHUMA associação entre consumo de gordura e diabetes (lógico, porque este é causado pelo consumo excessivo de carboidratos ou por uma disfunção metabólica-autoimune);
  3. NENHUMA associação entre gordura saturada e todas as causa de mortalidade. O estudo menciona ainda que quando a gordura saturada é substituída por carboidratos refinados assiste-se a uma aumento do LDL (colesterol mau). Ou seja, quando você "corta" na gordura saturada e não no biscoito, bolo, cerveja, arroz branco e pão, não está fazendo absolutamente nada pelo seu colesterol. Está, sim, piorando a situação. 

A meta-análise de 2014, contou com estudos observacionais e ensaios clínicos que avaliaram a ingestão de gordura, biomarcadores e suplementação de ácidos graxos. Uma vez mais, a conclusão desta investigação mostra uma completa ausência de suporte às orientações de prescrição de redução de consumo de gorduras saturadas. Lara continua explicando que isto não é a minha opinião, não é uma "moda", não é uma "seita" nem uma "novidade". Há estudos do mesmo tipo apontando os mesmos resultados desde 1982. Isto acontece na prática porque quando você se vira para um cara "normal" com os seus 50 e poucos anos, que nem estava tão preocupado com a saúde, e pede pra ele: não comer mais torresmo, ovo e churrasco. Ele não vai "trocar" esses alimentos prazerosos por batata doce, banana, inhame e aipim! Ele irá trocar por farináceos, massas, doces e bebidas alcoólicas (também elas prazerosos)! E tal como referia o primeiro estudo, isso PIORA o quadro do colesterol! Seria muito mais fácil e assertivo dizer pra ele: você vai continuar com os ovos, o torresmo e o churrasco, mas vai também aumentar consideravelmente os vegetais e diminuir consideravelmente os carboidratos simples e refinados! Pronto, não "mata" os prazeres da alimentação e tem maior chance de adesão!


O estudo referido reune as conclusões da relação entre gordura saturada, doenças coronárias, derrames e doenças cardiovasculares, realizados a 347.747 pessoas. A conclusão foi de que NÃO há evidências significativas para concluir que gordura saturada da alimentação (carnes, queijos amarelos e lacticínios integrais) aumentem o risco das doenças mencionadas. Uma outra conclusão da investigação é que se investigue as reações do organismo quando o ser humano é forçado a substituir a gordura saturada por carboidratos refinados. Situação que foi analisada e estudada à posteriori. 


Testemunho de Lara Nesteruk: Uma vez fui a um programa de televisão falar sobre como comer gordura saturada não representa risco para a saúde. Afinal, se a natureza sempre nos ofereceu o que tem de melhor (carne, peixe, etc) e enquanto raça humana sempre a consumimos, não poderíamos agora atribuir a um alimento ancestral uma doença "nova"! Pouco tempo depois, um médico foi ao mesmo programa, e cheio de certeza apresentou o estudo mencionado acima, para dizer o contrário. Lembro-me de ter ficado estupefacta porque vi o artigo que ele estava citando e me perguntei: SERÁ QUE ELE LEU? E mais: será que entendeu?🤔 A meta-análise da foto, sugere que substituir gordura saturada por insaturada (ou seja: bacon por azeite) pode produzir uma PEQUENA redução no RISCO cardiovascular. O que o Dr. (e muita gente) não entende é que RISCO não é DESFECHO. O artigo ainda diz em claras palavras: "Esta meta-análise encontrou que a redução de gordura saturada não traz benefício se substituída por carboidratos (mas no programa, ele sugeria essa substituição), não reduz a mortalidade geral nem cardiovascular, mas reduz em (pasme) 1,36% a chance de sofrer eventos cardiovasculares (incluindo os não fatais)". Diante de todos os dados que temos, não só históricos, como científicos, das 4 maiores revisões sistemáticas e meta-análises apresentadas até agora, apenas UMA sugere um PEQUENO benefício na troca de uma gordura por outra (e não na eliminação de gorduras da alimentação), e vamos continuar achando que "gordura entope veias e mata pessoas de enfartes"? Já não é necessário fazer mais estudos para provar que fumar não é uma coisa boa para o pulmão, verdade? Então, com a questão da gordura é a mesma coisa, a ciência cansou-se de provar (com experimentos, e não com hipóteses), só a cabe a nós entendermos! 


O último ensaio clínico apresentado é o maior já realizado sobre os efeitos secundários de substituir manteiga (gordura saturada) por óleo de milho (gordura poliinsaturada). Este estudo pretende desmistificar aquela teoria que ouvimos na televisão de que usar óleo vegetal é "amigo do coração". Pois bem, esta investigação foi realizada há mais de 40 anos, mas só recentemente os dados foram publicados. E sabe porquê?! Porque, na época, a pesquisa provou exactamente o inverso do que os investigadores esperavam. Logo, como as conclusões iam contra aquilo que eles queriam provar, simplesmente esconderam os resultados da análise. Este é só mais um exemplo de que existem vários cientistas que não procuraram provar a verdade dos factos, mas sim as suas próprias teorias. 
Mas voltando as resultados deste estudo:
  1. Sim, diminuiram-se problemas de colesterol na troca da manteiga pelo óleo refinado, MAS as mortes e o nível de aterosclerose aumentou em quem fez a substituição (verificado nas autópsias).
Entenda que para a ciência existe uma grande diferença entre o que chamamos de DESFECHOS MOLES e DESFECHOS DUROS, muito parecido com "risco" e "desfecho". Então não adianta nada uma gordura baixar o colesterol se isso não vai evitar os desfechos duros (leia-se: mortes). Colesterol não é doença, minha gente! É INDICADOR e deve ser usado como tal! A co-autora do estudo disse ainda que "publicações de dados importantes incompletos contribuiu para superestimar benefícios e subestimar os riscos potenciais de trocas de gorduras saturadas por óleos vegetais ricos em ácido linoleico" (leia-se: soja, cártamo, girassol e algodão).


Concluindo... NÃO, a gordura saturada não é a vilã. E NÃO é a principal responsável pelas doenças e mortes que assolam a população ocidental. Afinal, esta gordura está presente na alimentação humana há milhares de anos. Diferente do açúcar e da farinha refinada, que passaram a prevalecer na alimentação à uma centena de anos, mesmo período de tempo em que doenças crónicas não transmissíveis passaram a predominar. 
Mas atenção... Isto não significa que "gordura pode" e que "bacon está liberado". Não seja leviano, a comida não é mais a mesma, a menos que você crie seus bichos e plante seus vegetais. Hoje tudo é diferente, então, entenda que NADA pode ser consumido sem bom senso! Por outras palavras, dentro de todas as alterações que a alimentação sofreu, nós devemos ficar o MAIS PRÓXIMO POSSÍVEL dos hábitos dos quais evoluímos. Uma vez que os nossos genes são os mesmos de sempre. Ou seja, não precisas de comer como um nómade (afinal, o seu apartamento é muito diferente da caverninha uga-buga da savana), mas pode se distanciar de comer como um suburbano-fastfoodiano!  

Regras básicas:


Coma apenas quando tiver fome (salvo se houver um objetivo);
Priorize vegetais (não se entupa de carne);
Não evite a gordura natural dos alimentos, mas nunca exagere nela;
Coma o mais natural possível, evitando ao máximo industrializados; 
Assuma a responsabilidade pela sua saúde pelo seu corpo;

Sem comentários:

Enviar um comentário